sábado, 28 de dezembro de 2013

Ela e o mar...

Sra. Grownville | via Tumblr
A aurora compunha um belo espetáculo.
O vento balançava o seu curto cabelo.
Ela estava sozinha olhando para o mar.
Nenhum ser. Nada. Vazio.
Com o coração batendo bem forte, ouviu uma voz grossa.
- Oi, menina. Como foi o anos de 2013 para você?
Ela hesitou ao responder.
- Hum... Um ano de (re)começos, por assim dizer.
Primeira vez que fui num show.
Sempre guardarei com carinho aquela noite.
Agridoce sempre me transmite inspiração, poesia e sensibilidade.
Tive o meu primeiro estágio da faculdade. Foi uma ótima experiência, que me fez amadurecer e aprender a lidar com rapidez sobre alguns obstáculos.
Infelizmente, tive que lidar com o processo de luto. Perder alguém próximo, é difícil e doloroso.
Meu tio avô e minha tia, sempre estarão no meu coração, em lembranças confortáveis e agradáveis.
... e o amor?
- Sabe, me sinto como um trecho da música Sete Cidades da Legião Urbana: ''(...) meu coração é tão tosco e tão pobre, não sabe ainda os caminhos do mundo...''
Sou tão inexperiente sobre o amor e em vários fatores da vida. O importante é não querer apressar, esperar o tempo certo e saber colher os frutos de cada vez. Nada rápido demais.
Confesso, que tenho as minhas paixonites. Mas nada que consolide algo mais especial. Um namoro... Um romance... Quem sabe em 2014, né?!
-Por falar em 2014, quais são os seus desejos?
- Que eu saiba arriscar, sem ter medo de errar. Esta é a minha meta. Apreciar... Sentir... Viver.

Fechou os olhos por um longo momento.
Deixou seu corpo sentir uma emoção forte e pungente.
E como se abraçasse o mar, mergulhou em suas águas límpidas e cálidas.
Sentiu uma bênção e uma paz reconfortante.
E assim, seguiu o seu caminho.

sábado, 23 de novembro de 2013

A Rosa

o convite à viagem | via Tumblr
Era madrugada e a chuva não cessava.
Laura estava terminando de assistir o filme Meia noite em Paris
Estava atenta a todos os detalhes: a saudação ao passado e as artes. Nostalgia e poesia se misturavam.
Flutuou em um devaneio.
Quais artistas ela queria conhecer pessoalmente?
Imaginou conversando com Monet sobre suas magníficas telas. Tomando um chá com Florbela Espanca e contando a sua fascinação pelos seus poemas. Ou tentando compreender com a Elis Regina, como ela conseguia cantar com as lágrimas rolando sem interferir na sua linda voz.
Se divertiu imaginando. Pensou em vários artistas que tem afinidade e afeto.
Pegou o violão e tentou cantarolar alguma canção francesa.
Uma porta bateu abruptamente.
Laura se assustou.
''Deve ser o vento''- pensou.
Decidiu acender uma vela perfumada e andar pela casa.
As luzes estavam apagadas, não queria acender.
O ar um pouco sombrio a encantava. e tentaria fazer "adivinhações'' com os cômodos de sua casa, como se fosse uma brincadeira.
Andou bem devagar para não tropeçar.
Estava na sala.
Tocou em seu sofá macio e grande.
Continuou a andar...
Entrou no banheiro, descobriu que estava nele pelo cheiro forte de pinho. Gostava de perfumar os lugares.
Andou mais um pouco...
Descobriu uma porta fechada.
''Não estou me lembrando desta porta''- falou.
Com cuidado e cautela, aproximou a vela na porta.
Tinha um cartaz que estava escrito:
''Profundidade e mistério.'' e uma chave com um laço azul colada sobre ele.
Laura teve receio.
Abriria ou não a porta?
Passou a chave pela maçaneta e abriu.
Uma luz forte apareceu.
Ficou paralisada.
Sobre uma mesa estava um vaso com uma rosa.
A rosa era vermelha.
Não era um simples vermelho. Era um vermelho forte, vivo e profundo.
Laura não se movia.
Seus olhos estavam abertos e intactos, sua boca seca e sentiu seu coração pulsar bem forte.
Estava encantada diante da beleza.
A beleza da rosa.
Não sabia se aproximava ou ficava só observando.
Queria tocá-la e sentir o seu perfume.
Mas continuava encantada.
Deu um passo e recuou.
Começou a chorar.
Ficou desesperada.
E agora? O que eu faço?
Se acalmou...
Colocaria a rosa dentro de um livro? Daria para uma amiga? Jogaria as pétalas no seu amor?
Não sabia o que fazer...
Tentou se aproximar.
Pegou a flor.
Colocou no seu peito e a abraçou bem forte, como se fosse realmente sua.
Olhou bem para ela e a devorou.
Era o melhor sabor que ela já provou na vida.
De repente, seu corpo começou a se mexer estranhamente.
Apareceram asas de anjo.
Laura abriu as janelas e voou.

Trilha sonora: Regina Spektor -  ''How''


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pintura Íntima

Wiener Photographische Blätter : 1895 | PhotoSeed

Lucia sentiu uma luz azul envolver o seu corpo nu.
Tocou em sua pele macia e aveludada.
Foi até a janela.
Era o entardecer...
O sol se pondo, dando lugar a escuridão misteriosa da noite.
Deixando pensamentos soltos, inspiração à tona, uma sensação de nostalgia e saudosismo implorando por espaços.
Seu corpo foi flutuando através de uma luz vermelha.
Pétalas de rosas apareceram em suas pernas, deixando um cheiro adocicado e profundo nela.
Agora, uma luz roxa estava envolvendo o seu corpo.
Era sonora.
Conseguia ouvir  um som agudo e totalmente estridente.
De onde vinham aquelas luzes e aquele som?
Era dela. Sabia que era dela.
Mais uma vez, tocou em seu corpo.
Textura. Cheiro. Tato. Prazer.
Estava serena ou agridoce? Pura ou intensa?
Desejou morder um morango.
Vermelho.
Sangue.
Pecado.
Mas, só sentiu o cheiro de maçãs velhas e doces, que vinham das profundezas do seu ser.
Estas que estavam ali, guardadas quase apodrecendo e machucando.
Sua respiração estava ofegante. Tremia... Respirava... Tremia... Respirava.
Avistou uma chama.
Ardência.
Intensidade.
Dor.
Prazer.
Agora era uma luz verde.
Estava silenciosa, introspectiva e sensível.
Lágrimas rolaram.
Sentimento. Perfume. Beleza.
Um círculo cinza entrelaçou em seus pés, contornando um espiral harmonioso.
Um arco íris foi desenhado e pintado nela.
Cores. Sabores. Perfeição.
Ouviu uma voz, dizendo: ''- Não fugir, mas ir...''
E foi...
Fechando mais um ciclo de sua vida.

Trilha sonora: Memories- Within Temptation

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Canções de Apartamento


Depois de ficar dias e dias escutando o álbum ininterruptamente, pensei: ''Este álbum mexe comigo de uma maneira especial.''

Conheci o Cícero através de um clipe num programa de TV.

Tempo de pipa: o clipe tem uma leveza, como se fosse uma marchinha de carnaval. Trazendo uma sensação de nostalgia com detalhes simples: um bonde, um balão, um amor não correspondido, reflexões(...)
Simples, pois nos remete a vida.
Em uma entrevista, Cícero comentou que o significado de ''Tempo de Pipa'' se refere a recordações e lembranças dos tempos de férias escolares, onde observava e brincava de pipa, deixando o céu mais colorido.

Observando as letras do álbum, encontramos alguns elementos, metáforas e simbologias.
Fiz uma pequena pesquisa:


Balão: É um símbolo encontrado em festas e celebrações. Esperança, ''encontro com a criança interior'', momentos de superação(...)

Elefantes brancos: Escolha de caminhos e mistérios.
Vagalumes: Iluminação, força de vida, maravilhas etc. No caso da música ''Vagalumes Cegos'', acredito que seja a falta.

''(...) Ainda não fazem pessoas de algodão. Ainda não fazem pessoas que enxuguem suas próprias mágoas.''- O algodão é algo que absorve e retêm. No meu entender, as pessoas tem dificuldade de refletir suas próprias questões e angústias. Como se elas não conseguissem reter e absorver seus dilemas.

A arte do álbum representa uma fase da vida do Cícero e de várias pessoas, inclusive a minha. Demonstrando solidão, reflexões sobre a sociedade( Vagalumes Cegos; Laiá Laiá; Eu não tenho um barco, disse a árvore...), amor, vida... Tudo de uma forma lúdica, poética e algumas vezes, dolorida.

O modo como apresenta as letras: soltas e livres me fascinou, como se fosse um poema. É tão delicado, que sinto como se ele estivesse conversando comigo numa cafeteria, parque, sebo. Enfim, todos os lugares que eu gosto.
Sem contar que mencionou Tom Jobim, Caetano Veloso e Braguinha.
Quem me conhece sabe que eu sou ''toda brazuca'' e adorei as homenagens dele.
E várias influências como Los Hermanos, João Gilberto e Chico Buarque.


Muito mais que olhinhos miúdos, cabelo enroladinho e voz triste, o Cícero, ao meu ver, é um artista que tem muito a mostrar.

''Diz a lenda que trocou suas certezas por alguns sonhos mágicos.''
Ah, Ciço tô rabiscando alguns sonhos, procurando a minha viagem de balão e alguém que discuta Caetano comigo, quem sabe?




Ele não é lindo?! ^^


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terça-feira, 16 de julho de 2013

Fotografia


bubble on imgfave Era uma tarde de primavera.
Muriel observava Fernando.
A longa barba, os cabelos castanhos encaracolados, os olhos miúdos e serenos encantavam a moça.
Deitado em folhas secas, ele fazia charme para ela.
Estavam no Parque Ibirapuera.
Muriel tinha um laço afetivo com o lugar.
As tentativas de aprender a andar de bicicleta na infância e vários encontros com amigos na adolescência ao sabor de muito violão e paixões traziam uma leve nostalgia que aquecia o seu coração.
Abriu uma garrafa de vinho e bebericou com o amado.
Fernando apontava com o dedo indicador todos os pássaros que avistava e tentava lembrar o nome de cada um deles.
Rouxinol, sabiá, João de barro, bem te vi...
Apreciava a liberdade dos pássaros.
Como invejava as suas asas e o seu belo bico!
Imaginava como seria voar, sentir o vento e dar piruetas no ar...
De mãos dadas, caminharam sobre o parque.
Fernando avistou um livro velho na grama e Muriel foi correndo pegá-lo.
A capa era vermelha com letras douradas indecifráveis.
Abriu em uma página qualquer e leu um trecho que estava grifado com caneta:
''(...) Ah, e dizer que isto vai acabar! que por si mesmo não pode durar.
Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar pega a mão livre do homem, e, ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja. ''
Algo pulsou em Muriel.
Deu um quente beijo em Fernando e no exato momento, uma criança fotografou com uma câmera Polaroid o casal.
A fotografia caiu sobre a grama.
Onírica e ocre, magicamente a fotografia voou sobre o ar...

Trilha sonora: Marcelo Camelo- Téo e a gaivota.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um Abismo Delicado...

Chocolate quente e silêncio.
Olhos expressivos que contavam histórias.
O relógio marcava: 2 horas da manhã.
Escuridão e o balançar das ondas do mar.
Unhas azuis, escritos e devaneios.
Sensação de aprisionamento, angústia e receios.
Lábios vermelhos, música e poesia.
Janela aberta, varanda e magia.
Asas de anjo!
Pulou e virou uma flor.

Trilha Sonora: Desiniba- Tulipa Ruiz.

sábado, 18 de maio de 2013

Acalentar

TumblrO crepúsculo arroxeava o lindo céu de maio, dando espaço para a lua nova que aparecia.
Valerie observava sua face no espelho arredondado.
Os olhos amendoados estavam maquiados de uma sombra preta fosca e os lábios avermelhados de batom cereja.
Estava quase pronta.
Colocou algumas gotas da fragrância de ''Flor da Noite'' em cada pulso e esperou o táxi chegar.
(...)
Valerie entrou no salão.
Uma bruma colorida invadiu o local.
Aos poucos, ela conseguia enxergar as pessoas e o lugar.
Sentou-se em uma mesa vazia e ficou observando tudo ao seu redor.
O salão era embalado por um som alto e estridente. Eram tocadas músicas de bandas dos anos 80.
As paredes eram decoradas com quadros com imagens de nu artístico e pinturas surrealistas.
Gael entrou no salão.
Bolas de sabão surgiram dando um ar lúdico para o momento.
Os olhos se encontraram.
Gael se aproximou de Valerie.
Vinho, risadas, encantamento e paixão se misturavam naquela mesa.
Desajeitado, Gael levantou e começou a dançar ao som de The Smiths.
Valerie ria com a pseudo - imitação  do Morrissey, que Gael tentava fazer.
Novamente, os dois sentaram na mesa.
Valerie pegou um delicado guardanapo e começou a desenhar com uma caneta, enquanto Gael olhava atentamente para ela.
Com traços finos, ela rabiscava borboletas.
Gael suavemente pousou suas mãos nos ombros de Valerie e disse:
- ''Borboleta é flor, que o vento tirou pra dançar.''
Valerie com olhos ternos, disse:
- ''Que poético!!''
Gael sem jeito, continuou:
-''Sabe, eu gosto de borboletas. Elas sempre me remetem a mudanças e transformações.
A lagarta fica um tempinho no casulo esperando o seu momento de brilhar.
Este tempo é recolhimento e introspecção para que ela possa se transformar lindamente e voar...voar...voar...''
Valerie captou o que Gael quis dizer.
Os dois encostaram as cabeças bem pertinho, enquanto vagalumes voavam sobre eles.
Se entreolharam e um beijo aconteceu.
De mãos dadas, foram embora embaixo do amanhecer que era um acalento para os corações apaixonados.

Trilha sonora: The Smiths- Please, please, please let me get what I wat

domingo, 14 de abril de 2013

Sereníssima

All the little thingsEra uma tarde de outono.
A moça tinha uma ligação forte com esta estação.
Gostava do céu todo avermelhado sorrindo para ela e de toda a magia que aquela estação proporcionava.
Olhou para o seu quarto.
A pequena escrivaninha do lado da sua cama, estava totalmente desorganizada.
Diários, livros, papéis e enfeites se misturavam de uma maneira infantil e ingênua.
Delicadamente pegou o seu antigo diário.
Era um caderno com um ursinho na capa.
Abriu e observou todos os detalhes.
A sua miúda letra, as colagens, os desabafos, as alegrias etc.
Enfim, olhou o que já fora e o que ainda ela é.
Instrospecção era a chave do momento.
Percebeu que estava na sua melhor fase.
O cenário nublado e nebuloso da adolescência se dissipara.
Conseguia aliar a música e a escrita, como formas de catarse e sobrevivência.
Estava mais ''pé no chão'', mesmo com sonhos e desejos guardados no seu coração.
Conseguia se emocionar e sentir com mais facilidade.
Sua percepção estava mais aguçada.
Mas, é claro que haviam alguns probleminhas.
Nem sempre sua autoestima está nas alturas e nem sempre sua timidez está amenizada.
Um amor correspondido... Enfim, ela nunca tivera.
Mas, ela sabia que estes probleminhas poderiam ser contornados e reavaliados.
Agora, uma chuva se formara dando um sentimento de alegria para a moça.
Em algumas semanas, ela fará 22 aninhos de idade.
E o que ela mais deseja é:
SENSIBILIDADE.

Trilha sonora: Andrea Doria- Legião Urbana.

sábado, 16 de março de 2013

Sinestesia



''A Lua está cheia, mas falta metade dela. Uma linha divide como régua o lado sombrio do lado luminoso.
O outono está chegando. Até onde consigo lembrar, eu costumava conversar com a Lua. Pedia orientação.
Existe algo profundamente espiritual em seu brilho pálido, sua superfície povoada de crateras, sua fase crescente e sua fase minguante.
Ela usa um vestido novo a cada noite, ainda que seja sempre ela mesma.''
(...)
O vento soprava a cortina branca do quarto e balançava o apanhador de sonhos, que emitia um som estridente e belo.
Olhei de soslaio, para a pessoa que estava ao meu lado na cama.
O brilho em seus olhos, me encantou e mordisquei seu lábio.
Ele retribuiu com um olhar terno e acariciou minha face.
Minhas bochechas avermelharam e senti um arrepio.
Devagar, me envolvi com o corpo dele.
O toque, o cheiro, o gosto... Tudo se misturava.
Um potinho com morangos, estava em cima da minha mesa, para aquela ocasião especial.
Ele cuidadosamente, colocou os morangos em minha boca e ficamos observando o luar pela janela do meu quarto.
Fechamos os olhos, por um momento, como se quiséssemos que aquela noite não acabasse. Que nada seria efêmero.
Ele suavemente colocou a mão em minha perna e eu o abracei.
Tirei meu vestido branco de seda da cor da lua e fiquei nua.
Nua para ele. Nua para mim. Nua para o mundo.
Novamente, me envolvo com o corpo dele.
Sussurrava adjetivos picantes em meu ouvido.
Sentia meu coração bater com mais força a cada palavra que ele citava.
A noite se prolongava e várias sensações apareciam.
Meu corpo era quente e eu gemia.
Gritava de dor. Mas, era uma dor alegre.
Um prazer. Um sentimento. Uma emoção.
Adormeci.
Meu quarto estava escuro e frio.
Um silêncio...
Ele me olhava. Com um profundo desejo.
E lentamente, cravou seus dentes caninos em meu pescoço.
O meu sangue jorrava, para fora.
Era ele um vampiro?!
Não sei...Certamente.
Mas sei, que ao acordar, ele não se estava mais ao meu lado. E nunca mais o vira.
Mas, a marca em meu pescoço, ficara. E todas as noites vagueio pelas ruas atrás de sangue e amor.
(...)

Trilha sonora: Álbum: Pornography- The Cure.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Aurora Boreal


Um blues ecoava bem baixinho no quarto de Mel.
A moça tinha o costume de dormir ao som de músicas que embalavam o seu cotidiano.
Estava num sono profundo, respiração lenta e tudo ao seu redor, estava calmo e tranquilo.
Luzes coloridas apareceram em sua direção, puxando o seu corpo para um lugar desconhecido.
Como se ela fosse abduzida por um ser estranho. Um ser inimaginário.
(...)
Ela foi de encontro a um local psicodélico, que haviam, três portas.
Escolheu a segunda porta.
Que continha a seguinte frase:
''A Descoberta do mundo''
Girou a maçaneta e abriu a porta.
Caiu em um buraco, que a levou para uma praia.
Era noite de lua crescente e o céu estava bonito e misterioso.
Um mistério que arrepiava.
Escuro, profundo e com poucas estrelas.
E o mar...
Ah, o mar!
Ondas perfeitas com uma espuma branca brilhante, que pareciam cintilar sobre a água.
Mel estava assustada, por não conhecer o lugar.
Ouviu um som.
Era uma música suave, clamando o seu nome vindo da direção do mar.
Mel tentou seguir a voz, que já era um acalento para seus ouvidos.
Deixou-se banhar, pelas ondas e aparentava ter uma alegria estranha.
Naquela imensa escuridão, sozinha, Mel sentiu algo bizarro, acontecer no seu corpo.
Suas pernas, estavam sumindo e uma grande cauda de peixe estava surgindo.
Mel estava virando uma sereia.
Com longos cabelos ruivos; uma linda harpa que magicamente apareceu em suas mãos e uma grande cauda de peixe em seu corpo.
A moça se indagava:
''Abri uma porta, que continha uma frase e eu virei uma sereia. Como pode acontecer isto?''
Mas, ela sabia ou tentara ponderar sobre a resposta.
Pensava que aquele momento, era o seu encontro.
O seu conhecimento, sobre si mesma.
A descoberta do seu mais temeroso ser.
Descobrindo, quem realmente é, ela vê o mundo de outra maneira.
Observa, percebe e sente tudo ao seu redor e descobre o mundo através da sua percepção.
Mel nada no mar, como uma dança de balé. Com movimentos sincronizados, espirais e lúdicos.
Olha para o céu.
Lindas cores aparecem.
E a pequena sereia vai até o fundo do mar à procura de uma companhia.
(...)

Mel sonhou ou realmente aconteceu?
Sonho e realidade se misturam?
Espero respostas...

Trilha sonora: Sea Oleena - Untitled.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

No sereno da madrugada...



Uma dama da noite se abriu pausadamente, exalando o ar fresco e misterioso da madrugada.
O moço de olhos ternos, acordara no meio da noite, deixando que a insônia invadisse o seu mundo.
Escrever? Ler? Ouvir música?
Não.
Ele queria sentir.
Sentir a solidão te proteger. Sentir o seu cheiro. Sentir a imensa escuridão do seu quarto...
Passa-se um tempo. Olha o relógio.
São quase duas horas.
Deseja telefonar para alguém e escutar alguma voz doce e familiar.
Mas, desiste.
Uma chuva forte começara a se espalhar pela rua, enquanto o rapaz assobiava a música ''Love  Will Tears Us Apart'' da banda Joy Division para espantar o tédio.
Decidiu fazer uma pintura.
Pegou tintas, cavalete, pincéis, tela etc.
Com traços finos, tentou esboçar um rosto feminino, com total semelhança à sensualidade de Brigitte Bardot.
Finalizara a pintura e a chuva, aos poucos, fora se dissipando.
Ligou o rádio, pegou um maço de cigarros e foi em direção a varanda.
Ao som de Carla Bruni, o moço observava atentamente a lua.
''Como a lua estava bonita naquela noite.''- pensou ele.
Cheia, envolvente e misteriosa.
Lembrou de uma amiga, que ele não conhecia pessoalmente.
Que se comunicava via internet e por meio de cartas.
Havia uma ligação forte entre eles. Um sentimento puro e bonito.
Como a distância era capaz de uní-los?
O moço não sabia.
''O que ela estaria fazendo naquele momento?''- perguntou em vão para a lua.
Colocou o cigarro delicadamente na boca. Baforou, deixando a fumaça dançar sobre o seu rosto.
E fechou os olhos. E novamente, pensou na amiga.
No outro lado, a quilômetros de distância, a sua amiga sentiu algo.
Como se alguém tivesse beijado com carinho a sua testa.
(...)
O céu estava, aos poucos, mudando de cor.
Era o dia, amanhecendo, lentamente, composto de um rosa suave, anil e um sol bem tímido.
E o moço, deitou na rede, sob o manto da aurora. ^^

Trilha sonora: Cat Power- The Moon.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ventila essa dor...

A alvorada compunha um belo cenário.
Um rouxinol cantava a sua pureza diante da chuva de outrora.
Ainda sentiam a grama molhada, o cheiro delicado do orvalho e a brisa leve, bem leve da manhã.
Paolo tinha um olhar ausente, distante, um tanto confuso, diante dos últimos acontecimentos.
A briga com os pais, a descoberta da falsidade de um amigo e o término do namoro com a Marjorie.
Ele tinha um coração pesado para carregar e tudo estava triste e desanimador.
Pegou a sua bicicleta, uma cesta de frutas e flores, um livro e pedalou até a cidade.
Gostava de observar o cenário arquitetônico.
A igreja gótica, os altos prédios das empresas de negócios, as casas estilo europeu (...).
Paolo sempre registrava a cidade com belas fotografias e montava um grande mosaico com elas na parede do seu quarto.
Avistou um grande jardim com uma imensa cerejeira.
Sentou debaixo da árvore, encostou a sua bicicleta com a cesta.
Pegou o seu livro e folheou algumas páginas.
O ambiente estava tão tranquilo, que Paolo cochilou.
Ao acordar, percebeu que havia uma criança em pé na sua frente.
A criança entregou uma margarida para ele com um lindo sorriso e saiu correndo.
Paolo achou o gesto tão puro e meigo, que seu coração aqueceu.
No final do livro, continha uma folha em branco.
Arrancou a folha e com uma bonita letra, escreveu:
''Marjorie
Você é uma doce guerreira.
E está em seu caminho.
Você é a última grande inocente.
E é por isso, que eu te amo...''
Ele sabia que aquelas palavras, na verdade, não eram para ela. Mas, para ele.
Pegou um dente-de-leão e junto com o papel assoprou bem forte. Para bem longe.
E como um anjo caído, fez questão de esquecer todos os tormentos e angústias que estavam machucando-o.

Trilha sonora: Soul Parsifal- Legião Urbana

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cicatriz

Era quase meia-noite.
O piano dedilhava notas desconhecidas.
Folhas secas ornamentavam a cauda do instrumento.
Uma luz azul era forte e densa no recinto, atrapalhando a chegada da moça em sua morada.
Tudo era tão frio, mas, ao mesmo tempo, aconchegante, que a moça sentiu um arrepio ao entrar em sua casa.
Adentrou, atenta ao piano.
Como poderia um instrumento, tocar sozinho?
A moça se impressionara.
Era tudo tão mágico e lúdico....
Sentou-se no pequeno sofá.
Reflexiva, tentava entender o motivo, pelo qual, exaltava o saudosismo.
Por que se consumia de recordações e lágrimas.
Houvera diversos motivos e decifrá-los era a sua tarefa mais árdua.
Olhou para a escada-caracol.
Viu que era divertido subrir nela, e resolveu subir, olhando para a parede decorada com quadros de imagens do cinema e artistas pelos quais era fã.
Jane Austen, Frida Kahlo, cenas do filme ''Casablanca'', entre outros.
Apreciava a arte e todas as suas formas de expressão.
Chegou em seu quarto.
Olhou para o grande espelho, que habitava o local.
Estava com um longo vestido branco, bordado de renda.
Algo dizia em sua mente, que deveria ficar nua.
Assim, o fez.
Notou sua pele, quase pálida.
Seus olhos pintados com uma sombra cinza-grafite.
Seus lábios delicados com um batom vermelho intenso.
Uma rosa tauada em seu ombro direito.
Lentamente, suas mãos macias começaram a tocar em todo o seu corpo.
Acariciando... Sentindo as texturas, as nuances... Descobrindo partes desconhecidas. Sem medo, do que poderia descobrir e conhecer.
Nas costas, havia uma cicatriz enorme, que a moça tentava esconder de todas as maneiras.
Mas ali, sozinha, percebera que a cicatriz fazia parte da sua essência, da sua história e escondê-la, seria um erro.
Pétalas de rosas brancas e vermelhas cairam sobre o seu corpo delicado e esguio.
Uma felicidade sincera estava à caminho.
Se vestiu e deitou, tendo os melhores sonhos possíveis.