quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Uma doce mitologia

Finger Bang | via Tumblr




O começo da tarde chegara e com ela, uma tempestade surgia. Raios e trovões iluminavam a cidade que sofreu por longos dias ensolarados.
As gotas de água dançavam nas janelas, enquanto as crianças assopravam os vidros e faziam desenhos. Algumas, brincavam com as finas gotas que escorriam em seus dedos pequenos.
A chuva cessou o seu espetáculo, deixando que os cheiros surgissem com mais intensidade. Abrir as janelas e deixar a brisa suave da tarde acalentar a face, era uma sensação prazerosa.
Com os pés descalços, Cibele caminhava sobre a terra molhada e fofa à caminho da floresta. Pensou em voltar para casa, pegar um livro e retornar a floresta com uma boa leitura, debaixo de uma árvore bem frondosa. Mas resolveu continuar o seu percurso.
Caminhou observando todos os detalhes: as formas, os cheiros, as texturas... Lembrou que lera num livro de Psicanálise que a floresta era uma metáfora do inconsciente, onde habita o nosso mais profundo ser. Por isso, era utilizado nas antigas histórias de contos de fada.
Continuou a caminhar até que avistou uma fênix. Uma ave mítica com penas vermelhas e douradas que emite raios de luz através do seu corpo. Representa a força, o tempo, o ciclo da vida e principalmente, a renovação. Consegue renascer das cinzas e voltar ao seu estado normal.
Cibele ficou encantada com a beleza do animal que se mostrou dócil e terno com a sua presença.
Uma borboleta apareceu entre eles e a moça correu atrás do pequenino animal, tentando alcança-lo e captura-lo. Escorreu em uma poça d´agua e machucou os joelhos.
A fênix se mostrou assustada e suas lágrimas caíram nos joelhos de Cibele. A dor virou amor. Em poucos segundos, os joelhos da moça estavam totalmente curados.
Cibele arrancou uma rosa e presentou a fênix com todo o carinho como um amuleto de gratidão e respeito. A fênix retribuiu com um afago e voou para longe.
A moça sentou-se em uma pedra e ficou admirando a paisagem que poderia compor uma bela fotografia. Levantou-se e andou até notar algo que pudesse fazer seu coração saltar pela boca.
O céu arroxeado mostrava que a noite chegou trazendo bons ventos.
As estrelas iluminavam o castelo e Cibele estava encantada com o que vira.
Com uma arquitetura gótica e ares sombrios, o castelo era muito bonito e elegante.
Girou a maçaneta dourada e abriu a grande porta do castelo que rangeu sob um som estridente.
Estava vazio. Não havia nenhum sinal de móveis, pessoas e rastros. Porém, continha uma escada estilo caracol e a moça subiu.
Atenta aos degraus e ao lugar, Cibele encontrou um quarto. Acendeu as luzes e morcegos voaram em direção a porta aberta.
No quarto, encontrava-se uma cama antiga com um limpo lençol branco, um tapete persa e uma escrivaninha com uma vela.
Cibele aproximou-se da escrivaninha e leu um papel que estava escrito:
''Apague a vela, deseje algo com afinco e tudo se realizará.''.
Como um ritual, Cibele assim o fez.
Afinal, todo sopro que apaga uma chama, reacende o que for pra ficar.


Trilha sonora: Evanescence- Anywhere.